2.12.10

Violência no Rio: Maniqueísmo sim!

Vejam o que disse Luiz Eduardo Soares, sociólogo e um dos autores do livro "Elite da Tropa 2", em entrevista no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo de hoje: 


"Há outros criminosos além deles, e esses traficantes o são com apoio dos que deveriam cumprir a lei. Então, o mal atravessa os dois lados, não existe essa polaridade [entre bem e mal], e esse é o problema. Quando a autoridade dá ao policial na ponta liberdade para matar, dá-lhe também, indiretamente, a liberdade de não fazê-lo."


Ao dizer que o mal atravessa os dois lados e que não existe polaridade entre traficantes e policiais, o sociólogo dá a entender que existiria o Bem nos dois lados também. Ora... Que bem poderia trazer as atividades criminosas dos traficantes? Já dizia Ayn Rand: " Não é justiça ou tratamento igual que você concede aos homens quando se abstém de admirar suas virtudes e condenar seus vícios. Quando sua atitude imparcial declara, com efeito, que nem o bem nem o mal podem esperar nada de você -- qual deles você trai e qual você encoraja?". Então Sr. Luiz, quem o senhor encoraja e quem você trai?


Depois aprofunda o argumento:


"Há uma enorme ilusão. Não quero me arrogar o papel do único que enxerga a realidade, pelo amor de Deus. Mas é assustador que pessoas tão inteligentes e bem intencionadas se iludam com a fábula de que o bem venceu o mal. Esse mal só existiu até esse momento porque foi alimentado por isso que chamamos de bem. E, se agora esse mal é afastado, esse bem que é parte do mal parece triunfante. Vamos nos surpreender sendo apunhalados pelas costas, porque parte dos heróis são os que estão nos condenando à insegurança, levando armas e drogas para as favelas."


"Isso que chamamos de bem" são os homens das forças de segurança que arriscam suas vidas para garantir a execução das leis e a manutenção da ordem. Se parte dos policiais é corrupta, isso quer dizer necessariamente que essa parte não é "o que chamamos de bem". Jamais caberia colocar o papel da atividade policial no mesmo patamar que a dos traficantes. Quando falamos de crimes, a interpretação deve sim ser maniqueista. Onde já se viu um meio traficante, ou alguém que é apenas 2/3 assassino?

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