24.11.11

Guerra contra as drogas


Trecho do livro The Revolution: a Manifesto, do candidato republicano à presidência Ron Paul:
"Apesar de muitos conservadores apoiarem a guerra do governo federal contra as drogas, um número crescente, entre eles William F. Buckley, são céticos. O economista conservador Thomas Sowell acredita que tudo isso é mais utópico do que conservador: "O que faria muito mais sentido [do que a atual política do governo federal] seria admitir que nós não somos Deus, que não podemos viver a vida das outras pessoas, ou salvar aqueles que não querem ser salvos, e tirar os lucros das drogas ao descriminá-las. Foi isso que destruiu as gangues de "bootleggers"(máfia do álcool) depois que a Proibição foi revogada".
Essa também não é uma perspectiva incomum das tradições cristãs. No Tratado da Lei, em sua Summa Theologica, Tomás de Aquino explica, citando Agostinho, que nem todos os vícios deveriam ser punidos por lei. As leis humanas deveriam proibir principalmente aquelas coisas que causam dano físico direto a outras pessoas; Aquino cita assassinato e roubo como exemplos. Com relação a práticas que não prejudiquem fisicamente os outros, ou que os enganem (e qualquer outra frustração intangível que a fraude possa provocar), pode ser necessário tolerá-las, se a sua proibição puder levar a um mal ainda maior- um ponto que é especialmente relevante para o assunto em questão.
E mais, a lei não é capaz de tornar virtuoso um indivíduo mau. De acordo com Aquino, apenas a graça de Deus pode alcançar isso. A lei é simplesmente incompetente aqui. O que a lei permite é criar ordem e paz dentro das quais os homens possam conduzir suas vidas. Mas tanto do que é importante na vida humana acontece distante da lei, no domínio da sociedade civil, família e comunidade. Essas influências salutares, distantes do governo, tem a responsabilidade de melhorar a conduta moral dos indivíduos. Nós não devemos diminuir nossas responsabilidades e esperar que os políticos- que não são exatamente conhecidos por viverem além de qualquer reprovação moral- exerçam uma função tão importante."

21.9.11

O Governo não cria empregos



No debate sobre a criação de empregos e qual a melhor maneira de persegui-la como alvo político, um ponto é esquecido: governo não cria empregos. Governo apenas retira recursos de um uso para aplicá-lo em outro, o que não gera novos empregos.

18.9.11

Defendendo o indefensável


Análise interessante de Radley Balko sobre a lei seca. Segundo ele, a punição não deveria ser focada no ato de beber e dirigir, mas sim na direção perigosa. Já que há outras situações não passíveis de mensuração que comprometem a habilidade de dirigir, como privação de sono, drogas para insônia e entorpecentes, a polícia deveria estar atenta ao comportamento do motorista nas ruas em fiscalizações dinâmicas para encontrar aqueles em direção perigosa, em vez de permanecerem estáticos aferindo teor alcoólico com o bafômetro.

As mulheres ganham menos que os homens?



Outra análise interessante do Prof. Steve Horwitz. Vale a pena conferir

Revista abusiva nos aeroportos americanos



"Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança". (Benjamin Franklin)

15.4.11

Programa do Jonh Stossel na Fox Business sobre Atlas Shrugged

Hoje estreia a primeira parte do filme Atlas Shrugged, baseado na obra-prima homônima de Ayn Rand. Em deferência a esse dia especial, publico o programa do John Stossel sobre o livro.





13.4.11

E o capitalismo?

Trecho das páginas 330 e 331 do livro História do Brasil com Empreendedores, de Jorge Caldeira:

"Mais uma vez, a ação estatal no sistema de crédito não levava o Brasil na direção do capitalismo. O atraso, derivado da proteção estatal ao capital comercial, foi se tornando cada vez mais agudo - e ganhando outra natureza. Num tempo de crescimento geral, o país praticava uma política recessiva, algo que nem mesmo nos tempos do mercantilismo fizeram as nações agora capitalistas."(...)

"O sistema de crédito brasileiro, no novo padrão de comparação, se aproximava rapidamente da condição de fóssil vivo, com sua função de mantenedor do capital comercial por proteção estatal."(...) 

"A política de juros altos, feita de modo deliberado pelo governo, teve o sentido inequívoco de favorecer o lado da propriedade inerte do capital e prejudicar aqueles que colocavam o capital em ação. Em outras palavras, favoreceu os usurários em prejuízo deliberado de empreendedores e empresários - agora já querendo se tornar capitalistas. E assim tornava maior o fosso que se abria entre a economia brasileira e as nações capitalistas.

Enquanto na Inglaterra aumentava o ritmo da exploração dos trabalhadores industriais e nos Estados Unidos, mal saídos da escravidão, multiplicava-se a riqueza daqueles que se metiam em "especulações", a política local de juros altos fazia "sucesso", e o Brasil ficava a salvo do perigo capitalista. No norte, os mais ricos de todos, por causa de suas manobras sórdidas, acabaram apelidados de robber barons. No Brasil, produziam-se barões de café - e pensadores corporativos para saudar o governo que conduzia a prudente obra de impedir o capitalismo.
 
Assim, embora sobrevivendo, a figura do empreendedor foi empurrada para um papel secundário pela história. No lugar de vencer as barreiras creditícias e fundar um capitalismo, manteve-se o caráter apenas mercantil da acumulação de capital - e toda a sociedade brasileira, ligada na rede dos adiantamentos não monetários do capital comercial, foi se tornando cada vez mais pobre em relação aos habitantes dos países capitalistas."

12.4.11

Dez citações libertárias

"A government which robs Peter to pay Paul, can always count on the support of Paul".
"Um governo que toma de Pedro para dar a Paulo sempre poderá contar com o apoio de Paulo."
(George Bernard Shaw) 


"The more corrupt the state, the more it legislates." 
"Quanto mais corrupto for o governo, mais ele legislará."
(Tacitus)


"Giving money and power to government is like giving whiskey and car keys to teenage boys." 
"Dar dinheiro e poder para o governo é como dar whisky e as chaves do carro para um adolescente."
(P.J. O'Rourke)


"One of the greatest delusions in the world is the hope that the evils in this world are to be cured by legislation." 
"Uma das maiores ilusões do mundo é a esperança de que os seus males serão curados através da legislação"
(Thomas B. Reed-1886)


"Every decent man is ashamed of the government he lives under."
"Todo homem decente se envergonha do governo sob o qual vive."
 (H.L. Mencken)


"Extremism in the defense of liberty is no vice. Moderation in the pursuit of justice is no virtue."
"Extremismo na defesa da liberdade não é um vício. Moderação na busca da justiça não é uma virtude."
(Barry Goldwater-1964)


"Peace, commerce and honest friendship with all nations; entangling alliances with none."
"Paz, comércio e amizade genuína com todas as nações; envolvimento em alianças com nenhuma."
(Thomas Jefferson)


"Liberty is not a means to a political end. It is itself the highest political end."
"Liberdade não é um meio para um fim político. É em si mesma o mais elevado fim político."
(Lord Acton)


"The government was set to protect man from criminals – and the Constitution was written to protect man from the government."
"O Governo foi criado para proteger o homem dos criminosos - e a Constituição foi escrita para proteger o homem do governo".
 (Ayn Rand)


"It is much more important to kill bad bills than to pass good ones." 
"É muito mais importante destruir as leis ruins do que aprovar as boas"
(Calvin Coolidge)

8.4.11

“História de quinze séculos”, por Olavo de Carvalho



“Se o sistema medieval havia durado dez séculos, o absolutismo não durou mais de três. Menos ainda durará o reinado da burguesia liberal. Um século de liberdade econômica e política foi suficiente para tornar alguns capitalistas tão formidavelmente ricos que eles já não querem submeter-se às veleidades do mercado que os enriqueceu. Querem controlá-lo, e os instrumentos para isso são três: o domínio do Estado, para a implantação das políticas estatistas necessárias à eternização do oligopólio; o estímulo aos movimentos socialistas e comunistas que invariavelmente favorecem o crescimento do poder estatal; e a arregimentação de um exército de intelectuais que preparem a opinião pública para dizer adeus às liberdades burguesas e entrar alegremente num mundo de repressão onipresente e obsediante (estendendo-se até aos últimos detalhes da vida privada e da linguagem cotidiana), apresentado como um paraíso adornado ao mesmo tempo com a abundância do capitalismo e a ‘justiça social’ do comunismo. Nesse novo mundo, a liberdade econômica indispensável ao funcionamento do sistema é preservada na estrita medida necessária para que possa subsidiar a extinção da liberdade nos domínios político, social, moral, educacional, cultural e religioso."

“Com isso, os metacapitalistas mudam a base mesma do seu poder. Já não se apóiam na riqueza enquanto tal, mas no controle do processo político-social. Controle que, libertando-os da exposição aventurosa às flutuações do mercado, faz deles um poder dinástico durável, uma neo-aristocracia capaz de atravessar incólume as variações da fortuna e a sucessão das gerações, abrigada no castelo-forte do Estado e dos organismos internacionais. Já não são megacapitalistas: são metacapitalistas – a classe que transcendeu o capitalismo e o transformou no único socialismo que algum dia existiu ou existirá: o socialismo dos grão-senhores e dos engenheiros sociais a seu serviço."



Íntegra aqui

1.4.11

Professor Walter Williams fala sobre laissez-fairez ao Globonews




O professor Walter Williams é defensor do laissez-faire, caracterizado pela defesa do liberalismo econômico mais puro. Segundo o professor, os mais ricos estão nas áreas que possuem uma maior liberdade econômica

30.3.11

Hans Rosling revela novas percepções sobre a pobreza

O pesquisador hans Rosling usa sua impressionante ferramenta de análise de dados para mostrar como os países estão saindo pobreza. Ele demostra a Rua do Dólar, onde compara residencias de vários níveis de renda ao redor do mundo. Então ele faz algo realmente incrível.

26.3.11

O que acontece quando o que tinha um custo fica gratuito?




Chris Anderson, editor da Wired, discute a passagem da "economia da escassez" para a "economia da abundância", em que não é mais preciso apostar que alguma coisa e não outra irá agradar aos consumidores.
Vídeo legendado por OrdemLivre.org.

22.3.11

Máximas de um país mínimo



Acabei de ler "Máximas de um país mínimo", do Reinaldo Azevedo. Contém doses condensadas de sabedoria, que mais parecem uma coletânea de chaves de ouro de sonetos.


Aqui vão as minhas "top 5", mas são dezenas de sínteses tão ou mais brilhantes que estas:


" No capitalismo, os negócios são feitos de acordo com a lei; no cartorialismo, as leis são feitas de acordo com os negócios; a primeira prática define uma república democrática; a segunda, uma aristocracia bananeira."


"Há quem ache que ser acusado ora de uma coisa, ora do seu contrário é sinal de que se anda pelo meio, na trilha da virtude. Não necessariamente. Pode ser apenas confusão mental."


"Estou 100% convicto da superioridade moral e do valor da democracia. E não mudaria de ideia ainda que a maioria discordasse. A democracia é tão importante, que, se preciso, tem de ser preservada da vontade da maioria."


"No petismo, quem não tem diploma se orgulha de não tê-lo; quem se orgulha de tê-lo não o tem."


"Esquerdista é todo aquele que aceita, sob certas condições, solapar a lei democraticamente instituída em nome do que entende ser justiça social. Direitista é quem não aceita esse solapamento e quer o triunfo da lei porque entende que sua transgressão gera ainda mais injustiça."

21.3.11

Glenn Beck, apresentador da Fox News, mostra foto de Dilma na cadeia


No Programa de hoje, Glenn Beck comenta a visita do presidente Obama ao Brasil para se encontrar com a presidente marxista Dilma Roussef. Também questiona que tipo de exemplo é uma democracia onde 20% da população vive em condições de pobreza extrema e a mortalidade por assassinatos entre jovens cresceu 40% nos últimos 10 anos.

15.3.11

Os pobres estão ficando mais pobres?


Vídeo em que o economista Steve Horwitz acaba com o mito de que os pobres estão ficando mais pobres e os ricos mais ricos. 
Tradução: Jeová Costa. Sincronização: Juliano Torres.
Postado aqui.

O massacre da família Fogel por terroristas palestinos

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Na sexta à noite, dois palestinos assasinaram uma família israelense dentro de casa, enquanto dormiam:  Rabbi Udi Fogel (36), sua esposa Ruth (34), Yoav de 11 anos, Elad de 4 anos e Hadas de 3 meses.

Delinquência antissemita na Folha de São Paulo passa despercebida

Vejam esses trechos da entrevista que Ali Akbar Java Nfekr, chefe de imprensa do Governo do Irã, concedeu à Folha de São Paulo hoje:


"O sr. concorda com Ahmadinejad, para quem o Holocausto é um mito?

Se o Holocausto é uma realidade histórica, por que não se permite que seja estudado? Qualquer pessoa que questiona é logo condenada. Devemos ficar preocupados com a distorção da história.


Existe farta evidência do massacre de judeus...

Se existiu, podia ser objeto de várias pesquisas. Por que não permitir? "

(não poderia deixar de negar o Holocausto, claro)

"Não é contraditório o Irã apoiar movimentos árabes e não tolerar atos parecidos em sua casa?

Não devemos misturar as coisas. A oposição do Irã tem direitos definidos na lei. Mas nenhum país permite conspirações apoiadas por forças externas.


Esse era o discurso do Egito, é o da Líbia...

Por que vocês comparam as duas coisas?


Porque a oposição iraniana diz que é reprimida, sem direito de manifestação.
Não foi reprimida. Eles têm jornais, publicam matérias criticando...

A ONG Repórteres sem Fronteiras coloca o Irã como o quarto pior país do mundo para a imprensa, só à frente de Turcomenistão, Coreia do Norte e Eritreia.
Convidamos vocês jornalistas a visitar nosso país e ver de perto a situação. Jornalismo é um trabalho sagrado. Esses relatórios são tendenciosos e irreais. Sabemos quem os patrocina.

Quem?
Sionistas."


(não poderia também deixar de negar a repressão violenta à imprensa, sem, claro,  expor seu antissemitismo)

"É verdade, como diz o presidente Ahmadinejad, que não há gays no Irã?
Não temos.



É o único país do mundo que não tem gay?

Na República Islâmica do Irã, não há.


Se houver, há punições?
Nossa visão sobre esse tema é diferente da de vocês. É um ato feio, que nenhuma das religiões divinas aceita. Temos a responsabilidade humana, até divina, de não aceitar esse tipo de comportamento. Existe uma ameaça sobre a saúde da humanidade. A Aids, por exemplo. Uma das raízes é esse tipo de relacionamento.

A Aids é uma punição divina aos gays?
Não creio nisso. Mas vi que no Carnaval [do Brasil] foram distribuídos 90 milhões de preservativos, e isso é muito feio. Não é a favor da saúde da humanidade."


(Homofóbica são as igrejas).

"A esperança é que essas revoltas ajudem o povo dos territórios ocupados pelos sionistas. Os que apoiam Israel devem levar a população de Israel para outras regiões. Se o Holocausto foi causado por europeus, então os europeus têm que pagar o preço disso. O regime israelita é ilegal. É um tumor cancerígeno"


"A questão dos direitos humanos foi politizada. O regime sionista [Israel] na Palestina matou milhares de pessoas. Esses defensores dos direitos humanos, o que falaram? Ou os EUA, com a prisão de Abu Ghraib [no Iraque]?"

(O Estado de Israel é um tumor cancerígeno na visão desse gigante moral.)

E qual o título da entrevista? "Dilma está mal informada a respeito do caso Sakineh". Não vi nenhuma repercussão significativa na mídia sobre declarações com tamanho teor antissemita. A negação do holocausto e da existência de homossxualismo no Irã, assim como a pregação da destruição do Estado de Israel não são teoria da conspiração. São a política de Estado do governo iraniano, como se pode depreender das palavras do próprio chefe de imprensa, que nada mais são do que a repetição do que já foi dito publicamente pelo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. São coisas assim que me fazem ver claramente o quão abomináveis são essas pessoas e quem as apoiam.

13.3.11

Como Mises explicaria a realidade do SUS?

Texto de Leandro Roque. Íntegra aqui:

"Curiosamente, ao se analisar o funcionamento do SUS à luz da teoria misesiana, conclui-se que o real desafio está em perceber como uma medicina socializada afeta a oferta de serviços de saúde privados.  No caso do Brasil, o desafio é perceber como o SUS afeta o funcionamento dos serviços fornecidos pelos planos de saúde privados, e como as regulamentações impostas pelo governo sobre as seguradoras de saúde ajudam a piorar todo a serviço de saúde do país.
No que concerne ao funcionamento específico do SUS, ele em nada difere de qualquer outro serviço socializado.  Falar sobre questões ligadas aos serviços de saúde é algo que desperta grandes paixões, pois, por algum motivo, parte-se do princípio de que saúde é um direito do cidadão (de quem é o dever é algo que não se comenta), e que, por conseguinte, a oferta de serviços de saúde deve ser ilimitada. 
Infelizmente, porém, a realidade econômica não nos permite tais devaneios, e o fato de que vivemos em um mundo de escassez é uma verdade válida também — e principalmente — para os serviços de saúde.  Infelizmente.  Se a escassez pudesse ser extinta por meio do simples decreto governamental — como acreditam os socialistas —, então estaríamos já há muito tempo de volta ao Jardim do Éden.
Logo, voltemos à realidade.
Quando se deixa as paixões ideológicas de lado e busca-se apenas a verdade por meio da razão e, consequentemente, da aplicação da genuína ciência econômica, nenhum resultado é surpreendente.  Mais especificamente, o interesse aqui é discutir como a ciência econômica explica os problemas inerentes a uma medicina socializada, sem fazer qualquer juízo de valor.  Afinal, economia não funciona de acordo com sentimentalismos, e serviços médicos funcionam exatamente da mesma maneira que qualquer outro setor de serviços na economia, por mais que as pessoas se deixem levar pela emoção.
Os libertários seguidores da doutrina dos direitos naturais — que dizem que cada indivíduo tem o direito de não lhe tirarem a liberdade, a propriedade e a vida — diriam que a medicina socializada não só é economicamente maléfica como também é moralmente indefensável, pois baseia-se no roubo da propriedade alheia para o financiamento dos serviços médicos.  Embora seja indiscutível que a medicina socializada baseia-se no roubo da propriedade alheia, somente essa argumentação não é muito promissora, pois a própria existência do governo baseia-se no roubo.  Logo, por coerência, pedir o fim da medicina socializada implicaria também pedir a abolição do governo.  Embora seja esse o desejo dos anarcocapitalistas, é preciso reconhecer que tal postura não faria ninguém vencer um debate econômico.
Logo, argumentações puramente econômicas são necessárias para explicar por que nenhuma medicina socializada pode ser de qualidade duradoura.  (E, de fato, nenhum país que hoje possui medicina socializada apresenta serviços de saúde invejáveis. Canadenses e britânicos que o digam, para não citar os cubanos).

O princípio do SUS é igual ao de qualquer medicina socializada
Serviços de saúde socializados são defendidos e ofertados de acordo com o princípio de que a saúde é um direito básico e indelével do cidadão, principalmente dos mais pobres.  Logo, o acesso aos serviços de saúde deve ser gratuito ou quase gratuito, pois só assim os pobres podem ter saúde em abundância.
O problema é que até aí estamos apenas no terreno dos desejos, e não da realidade econômica.  É indiscutivelmente bonito posar de defensor dos pobres e oprimidos, exigindo saúde gratuita para eles.  Porém, infelizmente, a realidade econômica sempre insiste em se intrometer.  E a realidade econômica é que, sempre que algo passa a ser ofertado gratuitamente, a quantidade demandada desse algo passa a ser infinita.  No caso específico da saúde, sempre que serviços de saúde passam a ser gratuitos, a quantidade desses serviços que as pessoas passam a querer consumir torna-se praticamente infinita.  E não poderia ser diferente.  De novo, trata-se de uma lei econômica, e não de sentimentalismos.
A medicina socializada é um caso clássico de intervenção que necessita de intervenções cada vez maiores para ser mantida, até o momento em que tudo se esfacela em decorrência da total imobilidade do setor regulado.  Mises foi pioneiro em explicar a mecânica de tal fenômeno, e é em sua explicação que vou me basear.
Falando especificamente do SUS, caso o governo apenas se limitasse a financiar — via impostos extraídos da população — a oferta de serviços de saúde, a demanda por consultas de rotina, testes de diagnósticos, procedimentos, hospitalizações e cirurgias tornar-se-ia explosiva.  Logo, caso o governo nada fizesse, os custos gerados por tal demanda iriam simplesmente estourar o orçamento do governo. 
É aí que a realidade econômica se impõe.
Como os recursos para a saúde não são infinitos, mas a demanda é (pois a oferta é "gratuita"), o governo logo se vê obrigado a impor vários controles de custo.  Os burocratas estabelecem um teto de gastos na saúde que não pode ser superado.  Porém, apenas estabelecer um limite de gastos não é o suficiente para reduzir a demanda.  Assim, embora os custos estejam agora limitados, a demanda por consultas, pedidos de testes de diagnósticos, hospitalizações e cirurgias segue inabalada.  Consequentemente, com oferta limitada e demanda infinita, ocorre o inevitável: escassez.  Ato contínuo, começam a surgir filas de espera para tratamentos, cirurgias, remédios e até mesmo consultas de rotina.
O agravamento de tais ocorrências faria com que o sistema inevitavelmente entrasse em colapso.  É aí que o governo passa, então, a impor mais controles.  No caso, ele passa a controlar a demanda.  Mais especificamente, ele começa a "limitar" — por meio de várias burocracias insidiosas — o número de visitas ao médico, o número de testes de diagnósticos, o número de hospitalizações, cirurgias etc.  Por exemplo, em alguns casos, um paciente é atendido apenas quando um determinado conjunto de sintomas é perceptível.  Em outros, uma hospitalização ou cirurgia ocorre apenas se o paciente estiver acima de certa idade ou se estiver grávida de um bebê deficiente.  Em inúmeros casos, o paciente simplesmente é rejeitado — popularmente, ficará na fila esperando até desistir.
Outra consequência inevitável do processo de controle de custos aparece nos salários e nas compensações que o governo paga aos médicos do SUS, algo que é refletido diretamente na qualidade dos serviços prestados.  Afinal, profissionais mal remunerados simplesmente não têm incentivos para trabalhar corretamente.
A medicina socializada, portanto, baseia-se no mesmo princípio do controle de preços: a oferta torna-se limitada e a demanda, infinita.  Como consequência, a qualidade dos serviços decai, os hospitais tornam-se degradados e a escassez de objetos passa a ser uma inevitabilidade — em alguns casos, faltam até sabonetes. (Tal realidade explica, por exemplo, os constantes escândalos de funcionários de hospitais públicos extorquindo pacientes, cobrando por fora em troca de remédios ou de pronto atendimento).
Tratamentos ou atendimentos bem feitos ou mesmo satisfatórios tornam-se exceções em um sistema socializado de saúde.
Seguradoras
Nesse ponto, o leitor mais iniciado pode estar pensando: "ora, dado esse cenário, o governo deveria incentivar a medicina privada, pois ela desafogaria grande parte dessa demanda pela saúde pública.  No mínimo, os mais endinheirados não mais estariam demandando os serviços do SUS."
Tal raciocínio está parcialmente certo.  De um lado, é fato que o governo, ao contrário do livre mercado, sempre vê o consumidor como algo aborrecedor.  Ao passo que, no livre mercado, as empresas estão sempre ávidas por consumidores para os quais vender seus produtos, no setor público, o consumidor é apenas um irritante demandante, um usuário esbanjador de recursos escassos.  No livre mercado, o consumidor é o rei, e os ofertantes estão sempre se esforçando para ganhar mais consumidores, com os quais poderão lucrar caso forneçam bons serviços.  No setor público, cada consumidor é visto como alguém que está utilizando um bem em detrimento de outra pessoa.  No livre mercado, todos os envolvidos em uma transação voluntária ganham, e as empresas estão sempre ávidas para oferecer seus produtos ao consumidor.  No setor público, o consumidor é apenas uma chateação para os burocratas.
E é justamente por essas características do livre mercado que o governo não pode permitir um genuíno livre mercado nos serviços de saúde.  Para entendermos o motivo, basta novamente utilizarmos a razão e aplicarmos a genuína ciência econômica.
Assim, o que ocorreria em um arranjo em que há contínua deterioração dos serviços de saúde e os salários dos médicos são controlados pelo governo?  A resposta é óbvia: os médicos iriam querer fugir de tal sistema e passar a lidar diretamente com seus pacientes, sem amarras burocráticas e sem regulamentações.  Ou seja, haveria uma fuga de médicos para a medicina totalmente privada, em um arranjo de livre mercado.
Em tal arranjo, obviamente, os médicos não apenas poderiam ganhar maiores salários, como também teriam a liberdade de tratar seus pacientes de acordo com seus próprios critérios médicos, o que iria lhes render ainda mais clientes e, consequentemente, mais dinheiro.  Na medicina pública permaneceriam apenas os ruins e incapazes, algo péssimo para qualquer democracia, um sistema em que políticos precisam de votos. 
Sendo assim, o governo fica numa encruzilhada.  Ao mesmo tempo em que deve desafogar o setor público de saúde, ele não pode permitir que o setor privado crie grandes incentivos, sob pena de perder seus melhores profissionais e, consequentemente, permitir a total deterioração da medicina pública.  Logo, ele precisa criar um meio termo.
E é assim que o governo entra em cena estipulando pesadas regulamentações sobre o setor de planos de saúde, fazendo com que os serviços médicos fornecidos por seguradoras sejam quase tão ruins quanto os do SUS.
Apenas pense: o mercado de seguro-saúde é totalmente regulado pelo governo.  Não há livre concorrência.  Não é qualquer empresa que pode entrar no mercado e ofertar seus serviços.  Houvesse livre entrada no setor, as seguradoras que oferecessem melhores condições para os médicos conveniados certamente teriam os melhores profissionais para seus clientes.  Porém, como é o governo quem decide quem entra no mercado (o que aniquila a livre concorrência) e como é o governo quem estipula várias regras para o funcionamento do setor, o que temos hoje são planos de saúde caros e que remuneram muito mal os médicos conveniados.  Há situações em que ser médico da rede pública — geralmente de sistemas estaduais ou, em alguns casos, municipais — é ainda melhor do que ser médico conveniado de alguma seguradora.
Logo, temos a seguinte situação:
1) O sistema público de saúde é ruim, sofre de escassezes e os médicos são mal pagos. 
2) O sistema privado de saúde é controlado pelas seguradoras, um ramo fortemente regulado pelo governo, dentro do qual a concorrência é mínima.  Logo, os médicos são mal remunerados pelas seguradoras e os planos de saúde são caros e cobrem cada vez menos eventualidades.  Para ter maiores benefícios, é necessário pagar apólices muito altas.
3) O domínio das seguradoras obviamente criou um "mercado paralelo", em que médicos particulares atendem diretamente seus clientes sem a intermediação de seguradoras — e, consequentemente, cobrando bem mais caro, justamente por causa dos incentivos criados pelas regulamentações sobre o setor de seguros.  Tais médicos, entretanto, precisam ter grande renome e boa reputação para obter sua clientela cativa, algo trabalhoso e demorado.  Desnecessário dizer que tal arranjo só é acessível para os mais ricos.
4) Consequentemente, o sistema privado não se torna, para boa parte dos médicos da rede pública, um sistema substantivamente mais atraente que o sistema público, exatamente a intenção do governo.
5) Tal arranjo contém o êxodo de médicos da rede pública, o que impede o esfacelamento do sistema.
6) Apenas os realmente ricos conseguem contornar tais empecilhos, e geralmente fazem suas consultas, internações e cirurgias sem o uso de seguradoras, lidando diretamente com os médicos, sempre os melhores.  Estes, por sua vez, cobram caro justamente pelos motivos delineados no item 3, a saber: porque não possuem concorrência para suas qualidades e também porque sabem que possuem uma clientela cativa, composta daquelas poucas pessoas que podem se dar ao luxo de não utilizar planos de saúde para pagar suas cirurgias.
No final, quem realmente perde são os mais pobres, justamente aqueles a quem os amorosos defensores da saúde pública querem proteger.  A medicina socializada destrói a qualidade dos serviços médicos e, por causa das regulamentações estatais, encarece o acesso à medicina privada.  Os mais pobres — aqueles que mais pagam impostos em relação à sua renda — ficam privados de bons serviços médicos, serviços estes pelos quais eles pagaram a vida inteira.  Caso tivessem podido manter esse dinheiro para si, certamente poderiam hoje estar usufruindo um melhor serviço de saúde.
Muitas vezes um pobre tem seu acesso ao sistema público de saúde negado porque os burocratas que controlam o sistema determinaram que outras pessoas estão mais necessitadas do que ele; logo, estas têm mais direito àqueles serviços que ele próprio ajudou a financiar via impostos. 
A ciência econômica mostra, portanto, que defender a medicina socializada é uma perversidade.

Conclusão
Ainda mantendo-nos fieis à ciência econômica, fica claro que o arranjo que melhor atenderia a todos os necessitados seria justamente um arranjo de livre mercado.  As pessoas seriam liberadas dos impostos, podendo agora manter consigo boa parte daquilo que são obrigadas a dar para o governo a fim de financiar um sistema de saúde que não presta serviços decentes.
O setor de seguros de saúde deve ser totalmente desregulamentado, havendo livre entrada no mercado e, consequentemente, livre concorrência.  Os preços dos planos de saúde cairiam e os médicos agora passariam a ser remunerados de acordo com sua competência.  Principalmente: haveria a livre negociação entre médicos e pacientes, sem intromissões governamentais — algo que hoje só ocorre entre médicos e pacientes ricos.  A medicina socializada não mais teria motivos para existir (como nunca teve, aliás).
Por fim, e ainda mais importante: nunca é demais enfatizar que a saúde é responsabilidade de cada indivíduo, de cada família, sendo que todos devem ter o direito de manter para si os frutos de seu trabalho e de poderem utilizar seu dinheiro da forma que quiserem, tendo a liberdade de escolher os serviços médicos que desejarem, e com a responsabilidade de encarar as consequências de suas escolhas.
Não há nada de radical ou novo nisso: afinal, esse é exatamente o princípio que seguimos hoje quando escolhemos e compramos alimentos, roupas, carros, computadores, celulares, iPads, iPods, iPhones, passagens aéreas, apartamentos e tudo o mais.  E, pelo menos até agora, tal princípio vem funcionando com enorme sucesso.  O fato de esse princípio (em outras palavras, liberdade) ter sido abandonado na saúde e principalmente na educação apenas mostra as tragédias que ocorrem quando nos desviamos dele.
Serviços médicos funcionam exatamente da mesma maneira que qualquer outro setor de serviços, por mais que as pessoas se deixem levar pela emoção.  Ademais, pela lógica socialista, não faz sentido pedir intervenção em serviços médicos e deixar, por exemplo, o setor alimentício por conta do livre mercado.  Afinal, existe algo mais essencial do que comer?  Porém, é exatamente por causa do livre mercado que temos comida sempre disponível, para todos os gostos.  Não importa a que horas você vá ao supermercado, você sempre tem a certeza de que tudo estará ali. Tanto para pobres quanto para ricos. Isso não é fascinante?
Sempre que você quiser serviços de alta qualidade a preços baixos, você tem de ter um livre mercado, uma livre concorrência. Não há nenhuma outra opção.  Quem acha que ofertar bens gratuitamente, criar uma montanha de regulamentações e impor controles de preços é a receita para bons serviços, deve se preparar para uma grande decepção.  Isso nunca funcionou em lugar nenhum do mundo.
Quem realmente quer serviços médicos de qualidade para os pobres (e quem não quer?) tem de defender um livre mercado nos serviços de saúde.  Não há outra opção.
A verdadeira ciência econômica explica."

28.2.11

Intervencionismo

Trecho do capítulo "Intervencionismo" do livro As seis Lições, de Ludwig von Mises:

A idéia de que existe, entre o socialismo e o capitalismo, um terceiro sistema - como o chamam seus defensores -, o qual, sendo equidistante do socialismo e do capitalismo, conservaria as vantagens e evitaria as desvantagens de um e de outro, é puro contra-senso. Os que acreditam na existência possível desse sistema mítico podem chegar a ser realmente líricos quando tecem loas ao intervencionismo. Só o que se pode dizer é que estão equivocados. A interferência governamental que exaltam dá lugar a situações que desagradariam a eles mesmos.

23.2.11

Comentário de Alberto Carlos de Almeida

Acabo de assistir uma excelente intervenção do Alberto Carlos de Almeida, autor dos livros "A cabeça dos Brasileiros" e "Dedo na Ferida", no 5º Colóquio. Aqui vai o vídeo:


15.2.11

Lição do mestre Zen

A dita revolução espontânea dos jovens egípcios contra o ditador Mubarak me lembrou de uma cena do filme Charlie Wilson's War (Jogos do Poder).


O diálogo sobre o mestre Zen é o seguinte: 
Gust Avrakotos: Havia um garoto que, no seu aniversário de 14 anos, ganhou um cavalo... e todo mundo na vila disse. "que maravilha. O garoto ganhou um cavalo" e o mestre Zen disse, "veremos". Dois anos depois, o garoto cai do cavalo, quebra sua perna, e todos na vila dizem, "Que terrível". E o mestre Zen disse, "veremos". Então, uma guerra se inicia e todos os homens jovens da vila tiveram de se alistar e lutar... exceto o garoto, que não poderia porque sua perna estava quebrada. E todos na vila dizem, "que maravilha".
Charlie Wilson: Agora o mestre Zen diz, "veremos".

Torço para que se instale uma democracia com instituições sólidas no Egito, que proteja as liberdades e os direitos individuais dos cidadãos daquele país. Mas sabendo que a maioria da população egípcia é a favor da pena de morte para aqueles que abandonem a religião muçulmana; é a favor da pena de amputação das mãos daqueles presos roubando; a favor do apedrejamento das mulheres infieis, temo pelo futuro dessa nova "Democracia". Além disso, o grupo mais bem organizado e que terá mais condições de se projetar no poder é a Irmandade Muçulmana, apoiadora de grupos terroristas, como o Hamas, e a favor da destruição do Estado de Israel. Democracia sem instituições sólidas para garantir os direitos das minorias é simplesmente o comando do bando, uma espécie de despotismo da massa, a opressão do grupo que tem mais membros sobre os grupos menores. Veremos...

4.2.11

Glenn Beck chama Dilma de ex terrorista e ex comunista





Hoje no globo.com (link):

Comentarista da Fox News chama Dilma de 'ex-comunista e ex-terrorista'


Glenn Beck comparou 'PEC da Felicidade' com antiga constituição soviética.
Segundo ele, 'comunistas acham que as pessoas do Brasil são estúpidas'.O comentarista conservador Glenn Beck chamou a presidente Dilma Rousseff de "ex-comunista e ex-terrorista" em seu programa desta quinta-feira (3) na emissora Fox News, dos Estados Unidos.

Beck fez a afirmação no contexto de um comentário sobre a atual crise política no Egito. O G1 procurou a assessoria do Palácio do Planalto, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

"Vocês lembram quando eu falei a vocês sobre o Brasil. Eles elegeram uma ex-comunista e ex-terrorista, que esteve na prisão por um tempo”, afirmou o comentarista.

Segundo Beck, “os comunistas acham que as pessoas do Brasil são estúpidas. Eles acabaram de anunciar e votar ontem [2] uma emenda sobre a busca da felicidade como objetivo a ser alcançado”.

A proposta de emenda constitucional apelidada de PEC da Felicidade, de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em novembro passado. Para alterar a Constituição, no entanto, tem de ser aprovada por três quintos dos senadores (49 votos) e três quintos dos deputados (308 votos) em duas votações em cada casa legislativa.

Beck disse que a busca da felicidade do projeto brasileiro foi inspirada pelo texto da declaração de independência dos Estados Unidos. “A mídia saudou como “democracia”. “Ohh, não é formidável? É praticamente Thomas Jefferson”, disse, em referência ao terceiro presidente norte-americano, autor de grande parte do texto da declaração.

O apresentador afirma que a ideia de felicidade expressa no projeto brasileiro poderia ser entendida como “a garantia de renda, moradia, empregos”, mas que esses mesmos objetivos estavam expressos na antiga constituição soviética.
"Você lê que a felicidade nessa nova emenda à Constituição significa a garantia de renda, moradia, empregos, uau! [...]. Eu li a constituição comunista soviética, que garante direitos a trabalho, descanso, lazer, proteção à saúde, cuidados aos idosos, aos doentes, moradia, educação, benefícios culturais. Quase como a busca pela felicidade, de uma forma distorcida", declarou.
Então, Beck passa a criticar a proposta brasileira, o comunismo e as manifestações no Egito pela queda do ditador Hosni Mubarak.

Você vê o que eles fizeram. Ele estão pegando ideias horríveis do comunismo. Assistência não produz nada a não ser miséria, pobreza e o massacre de dezenas de milhões de pessoas, centenas de milhões globalmente, embaladas em democracia, república, Thomas Jefferson. Eles pensam que você é retardado. Isso não é uma revolução no Egito. Isso é uma revolução socialista islâmica no Egito. Não tem nada a ver com democracia”, afirmou.

Cristovam Buarque
Autor da PEC 19/10, que ficou conhecida como PEC da Felicidade, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou a forma como a proposta foi tratada pelo comentarista.

“Essa Fox é uma idiota completa. Quem olha com cuidado a proposta vê que não é nada disso”, afirmou o senador.

Buarque disse que se inspirou na Constituição Americana para elaborar a proposta que, segundo ele, prevê que saúde, educação e segurança sejam direitos sociais essenciais para a busca da felicidade.

“Para se ter felicidade, não basta apenas ter os direitos. Na visão capitalista estúpida da Fox, basta ter US$ 40 mil dólares por mês para ser feliz”, criticou o senador.

Diante das polêmicas, Buarque afirmou que está estudando a possibilidade de substituir a atual PEC que já está em tramitação no Senado – e que já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça – por outra, a fim de que o apelido de PEC da Felicidade seja modificado.

Segundo ele, a denominação foi algo que surgiu na mídia, e que acabou tornando a proposta como algo negativo.

“Acho que vamos ter de tirar essa PEC e começar de novo. Eu fico com uma imagem péssima se colocar a tal PEC da Felicidade na Constituição. Eu estou estudando substituir esta PEC por outra chamada PEC da Humanização dos Direitos Sociais”, disse.

O senador ainda afirmou que, enquanto o apelido da PEC se mantiver, ele fará o possível que não seja votada. “Eu vou fazer o possível para que não vá para a pauta do dia para evitar novos transtornos”, disse


Aqui o programa do Glenn Beck do dia 3 de fevereiro. Vale a pena ver todo.



A análise da PEC da felicidade é perfeita. A primeira vez que ouvi falar sobre o assunto, até dei uma colher de chá para o Senador Cristovam, achando que bebia da fonte Jeffersoniana. Mas ele mesmo fez questão de deixar bem claro que a água que bebe é a mesma de Mao, Che e Castro.


Glenn, não concordo com o ex-comunista...


Vale a pena ver o vídeo pela aula sobre o que realmente está ocorrendo no Egito. 

2.2.11

José de Abreu, delinquente moral, é o novo garoto-propaganda da dengue




Aqui vemos o sóbrio José de Abreu ensinando a população a se prevenir contra a dengue. Vejam o vídeo abaixo agora:





Aqui o valente defende a censura da mídia e fala que a direita trabalha pra manter a população ignorante, porque isso seria vantajoso para ela politicamente, já que quem é inteligente e esclarecido vota em candidatos da esquerda. Isso que dá falar em público com a cara cheia de cachaça. Ah meu saco! José de Abreu, você é defensor de bandidos e assassinos. Não tem moral pra ensinar nem a limpar privada!


PS: Sigam o dinheiro. Se não recebeu cachê por essa peça publicitária, tenho certeza que de outra maneira ele vai receber. Essa gente só funciona assim. É da mesma estirpe do Luís Nassif. Logo logo vai transferir todo seu prestígio para a TV-traço da Tereza Cruvinel.

24.1.11

Cantora de Ópera após transplante de pulmão (TEDMED 2010)



Há um ano atrás Charity acordou de um coma após ter sido submetida a um transplante pulmonar bilateral. Nessa palestra proferida no TEDMED 2010, ela encanta a plateia cantando uma ária e compartilhando sua história.

23.1.11

Pulmões vivos no TEDMED 2010



Dr. Shaf Keshavjee, cirurgião torácico e diretor do Programa de Transplante Pulmonar de Toronto, falou sobre o maravilhoso milagre do transplante pulmonar no TEDMED 2010. Essa é a sua fascinante palestra, na qual ele levou ao palco pulmões suínos para inspeção manual pela plateia.

21.1.11

O Brasil, a Fé, o Rei e a Lei


Normalmente eu apenas retwitto os textos do Reinaldo Azevedo, mas este contém uma análise tão fenomenal que resolvi transcrevê-lo. 

O Brasil, a Fé, o Rei e a Lei



“A língua de que usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (…) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente.”

O que vocês lêem acima é um trecho da História da Província de Santa Cruz, de Pero Magalhães de Gandavo, escrita em 1578. Ele descreve os índios brasileiros ao rei de Portugal, segundo, como se nota, a visão do colonizador. A referência que faz à língua tupi e à “ausência” de três letras — o que impedia os índios de ter “fé, lei e rei” — é notavelmente tola mesmo para o século XVI. Em 1578, fazia seis anos que Os Lusíadas tinham sido publicados, e Camões já tinha, por meio de seus sonetos, traduzido boa parte da obra de Petrarca. José de Anchieta estava no Brasil havia 25 anos e já encontrara na cultura indígena os elementos de que precisava para a catequese e a colonização. A tolice de Gandavo, no entanto, ameaça virar uma espécie de emblema desta terra. O português se espalhou pelos quatro cantos do Brasil, com todos os seus “efes”, “eles” e “erres”. Tivemos rei. Tivemos até alguma fé. Mas, definitivamente, os “eles” não nos ensinaram o caminho da lei.

Escrevi ontem alguns posts sobre o caso da Anatel, que decidiu, ao arrepio da Constituição, quebrar o sigilo das comunicações telefônicas. A direção não esperou nem mesmo a decisão do Conselho, apressou-se e já comprou o equipamento com que pretende agredir o Artigo 5º da Carta que nos rege, numa decisão que pretende meramente administrativa. Sem atingir uma garantia constitucional, assegura a agência, ela não pode cumprir adequadamente as suas funções. Leitores me enviam comentários dos petralhas em sites por aí que aceitam qualquer lixo. Como de hábito, propagam a máxima dos estados totalitários: “Quem não deve não teme”. Em sociedades que abdicam da lei, a máxima há de ser justamente o oposto: “Deve temer justamente quem não deve”, já que os devedores costumam estar no encalço dos inocentes.

Não se trata de dar peso excessivo a uma questão aparentemente irrelevante, já que, dizem alguns, o sigilo das conversas não será violado. Pouco importa! Não cabe à Anatel o papel de juiz da Constituição; ninguém lhe outorgou a prerrogativa de dizer quais dispositivos valem e quais não valem. Se damos a um ente ou pessoa a licença para violar UMA lei, estamos, na prática, concedendo com a violação de QUALQUER lei. E noto que estamos nos referindo a uma instituição do estado, à qual só é permitido fazer o que lei estabelece. Nós, que somos os cidadãos, podemos fazer tudo o que ela não proíbe.

Há dois dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu as suas “férias” para visitar o ex-vice José Alencar no hospital. Fez saber que havia debatido com Dilma Rousseff o desastre no Rio e anunciou que, no devido (?) tempo, falará sobre os passaportes diplomáticos concedidos ilegalmente a OITO PESSOAS de sua família. Deu a entender que tem algo a dizer. É mesmo? Marco Aurélio Garcia, o dinossauro mantido como assessor de Dilma, afirmou que o caso só interessa àqueles 3% que achavam o governo ruim ou péssimo — vocês sabem: a turma do contra! Para o Cérbero do petismo, pouco importa se o benefício é ou não ilegal. A aprovação maciça de que gozava Lula lhe facultaria, ou aos seus, o privilégio indevido. A lei não serve para o Babalorixá de Banânia. A limitação mexe com o seu senso de onipotência.

Que coisa espantosa, não? O marxismo vigarista que ainda viceja em nossas universidades — devemos ser o último país do mundo com uma academia ainda pautada por esses cretinos; em Pequim, ninguém mais quer saber — nos afasta de uma verdade insofismável: o mandonismo e a impunidade no Brasil são mais estamentais do que propriamente classistas. Os que se assenhoram do estado, ainda que pela via eleitoral, carregam mais do que as prerrogativas inerentes ao exercício do cargo: levam junto a inimputabilidade e a licença para transgredir leis, algumas delas nem mesmo relacionadas ao exercício de sua função pública.

Lula é a expressão máxima da nova classe social surgida no Brasil, que chamo de “burguesia do capital alheio”. O desassombro, no entanto, com que avança contra as instituições e os limites legais não deriva dessa condição, mas do fato de ter-se tornado um “homem do estado”, um dirigente, um governante, A “elite” pernóstica brasileira não é formada pelos muito ricos, mas pelos “muito impunes”. As chances de um milionário brasileiro responder por seus crimes são muito maiores do que as de um político arcar com as conseqüências de seus atos. Não estou satanizando a política, não! Acho essa conversa um porre! A alternativa aos políticos é a ditadura, é bom deixar claro. Mas é preciso que se exija deles que cumpram a sua função essencial: são eleitos como procuradores e representantes da lei, não para violá-la. Se e quando for necessário mudar um dispositivo legal, a Constituição oferece o caminho.

A trajetória de Lula e sua coleção de agressões às instituições não deixa de ser emblemática. Ele se tornou o herdeiro, para desespero da extrema esquerda, do pensamento revolucionário. No poder, tornou-se beneficiário dos históricos privilégios de casta dos “dirigentes”. Vale dizer: o homem da revolução proletária não estaria preparado nem mesmo para as revoluções burguesas do século 18! O PT se constituiu bem depressa numa nova aristocracia. Aprendeu que, no Brasil, as leis valem para os cavalgados — ricos ou pobres —, mas não para os cavalcantes.

Na terça-feira, o Portal G1 deu uma notícia aparentemente boba. Muitos devem tê-la lido e considerado seu conteúdo muito razoável. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) autorizou que aeronaves do Grupo de Transporte Especial da Aeronáutica, que transportam a presidente da República e outras autoridades federais, utilizem o Aeroporto de Congonhas durante a madrugada. As operações de pouso e decolagem são proibidas entre 23h e 6h por causa do barulho, já que o aeroporto está em área residencial.

O pedido foi feito pela Advocacia Geral da União em dezembro, ainda no governo Lula, segundo o seguinte argumento: “O Chefe de Estado brasileiro tem o direito a mobilidade excepcional, no interesse público de que seus atos sejam praticados com presteza, celeridade e com a segurança necessária à proteção do funcionamento do regime democrático e do sistema republicano”.

Luís Inácio Adams é um exagerado! Nunca ninguém havia pensado que o estado democrático pudesse eventualmente depender de o Aerodilma pousar em Congonhas! Ora, leitor, se preciso, ele pousa até sobre nossas cabeças. Numa excepcionalidade, é claro que o avião poderia recorrer a Congonhas, sem que a AGU tivesse de fazer uma constrangedora defesa, “em tese”, da exceção. Parece que Guarulhos pode ser muito longe quando se é uma autoridade…Tudo no “interesse do país”, justificativa usada pelo megalonanico Celso Amorim para conceder o passaporte especial à parentada de Lula. A lei é para a ralé.

Caminhando para o encerramento
Pode chegar a 1.200 o número de mortos na tragédia do Rio — fala-se em até 400 desaparecidos. Ainda que não seja isso tudo, já há desgraça o bastante. Toda aquela chuva num só dia foi, de fato, uma ocorrência excepcional, que destruiu também áreas consideradas consolidadas. Mas é certo que centenas de vidas teriam sido poupadas só com o cumprimento da lei, compromisso que não foi cumprido pelos ocupantes de áreas irregulares, pelas Prefeituras e pelos governos estadual e federal — este deixou dormitando por cinco anos na gaveta o decreto que cria o centro de prevenção de catástrofes.

Nessa e em outras ocorrências dramáticas, o descumprimento da lei pode custar — e custa! — centenas de vidas. Nos outros casos de que falo, trata-se da vida das instituições.


O Brasil já teve Rei.
O Brasil tem até alguma fé.
Mas ainda não aprendeu a cumprir a lei: na serra, na planície e, sobretudo, no Planalto.

Discurso de Ewald Stadler ao embaixador Turco

15.1.11

Capitalismo e Cristianismo

Capitalismo e Cristianismo


Olavo de Carvalho

Uma tolice notável que circula de boca em boca contra os males do capitalismo é a identificação do capitalista moderno com o usurário medieval, que enriquecia com o empobrecimento alheio.

Lugar-comum da retórica socialista, essa ideiazinha foi no entanto criação autêntica daquela entidade que, para o guru supremo Antonio Gramsci, era a inimiga número um da revolução proletária: a Igreja Católica.

Desde o século XVIII, e com freqüência obsessivamente crescente ao longo do século XIX, isto é, em plena Revolução Industrial, os papas não cessam de verberar o liberalismo econômico como um regime fundado no egoísmo de poucos que ganham com a miséria de muitos.

Mas que os ricos se tornem mais ricos à custa de empobrecer os pobres é coisa que só é possível no quadro de uma economia estática, onde uma quantidade mais ou menos fixa de bens e serviços tem de ser dividida como um bolo de aniversário que, uma vez saído do forno, não cresce mais. Numa tribo de índios pescadores do Alto Xingu, a "concentração do capital" eqüivaleria a um índio tomar para si a maior parte dos peixes, seja na intenção de consumi-los, seja na de emprestá-los a juros, um peixe em troca de dois ou três. Nessas condições, quanto menos peixes sobrassem para os outros cidadãos da taba, mais estes pobres infelizes ficariam devendo ao maldito capitalista índio — o homem de tanga que deixa os outros na tanga.


Foi com base numa analogia desse tipo que no século XIII Sto. Tomás, com razão, condenou os juros como uma tentativa de ganhar algo em troca de coisa nenhuma. Numa economia estática como a ordem feudal, ou mais ainda na sociedade escravista do tempo de Aristóteles, o dinheiro, de fato, não funciona como força produtiva, mas apenas como um atestado de direito a uma certa quantidade genérica de bens que, se vão para o bolso de um, saem do bolso de outro. Aí a concentração de dinheiro nas mãos do usurário só serve mesmo para lhe dar meios cada vez mais eficazes de sacanear o próximo.

Mas pelo menos do século XVIII em diante, e sobretudo no XIX, o mundo europeu já vivia numa economia em desenvolvimento acelerado, onde a função do dinheiro tinha mudado radicalmente sem que algum papa desse o menor sinal de percebê-lo. No novo quadro, ninguém podia acumular dinheiro embaixo da cama para acariciá-lo de madrugada entre delíquios de perversão fetichista, mas tinha de apostá-lo rapidamente no crescimento geral da economia antes que a inflação o transformasse em pó. Se cometesse a asneira de investi-lo no empobrecimento de quem quer que fosse, estaria investindo na sua própria falência.

Sto. Tomás, sempre maravilhosamente sensato, havia distinguido entre o investimento e o empréstimo, dizendo que o lucro só era lícito no primeiro caso, porque implicava participação no negócio, com risco de perda, enquanto o emprestador, que se limitava sentar-se e esperar com segurança, só deveria ter o direito à restituição da quantia emprestada, nem um tostão a mais. Na economia do século XIII, isso era o óbvio — aquele tipo de coisa que todo mundo enxerga depois que um sábio mostrou que ela existe. Mas, no quadro da economia capitalista, mesmo o puro empréstimo sem risco aparente já não funcionava como antes — só que nem mesmo os banqueiros, que viviam essa mudança no seu dia a dia e aliás viviam dela, foram capazes de explicar ao mundo em que é que ela consistia. Eles notavam, na prática, que os empréstimos a juros eram úteis e imprescindíveis ao desenvolvimento da economia, que portanto deviam ser alguma coisa de bom. Mas, não sabendo formular teoricamente a diferença entre essa prática e a do usurário medieval, só podiam enxergar-se a si próprios como usurários, condenados portanto pela moral católica. A incapacidade de conciliar o bem moral e a utilidade prática tornou-se aí o vício profissional do capitalista, contaminando de dualismo toda a ideologia liberal (até hoje todo argumento em favor do capitalismo soa como a admoestação do adulto realista e frio contra o idealismo quixotesco da juventude). Karl Marx procurou explicar o dualismo liberal pelo fato de que o capitalista ficava no escritório, entre números e abstrações, longe das máquinas e da matéria — como se fazer força física ajudasse a solucionar uma contradição lógica, e aliás como se o próprio Karl Marx houvesse um dia carregado algum instrumento de trabalho mais pesado que uma caneta ou um charuto. Mais recentemente, o nosso Roberto Mangabeira Unger, o esquerdista mais inteligente do planeta, e que só não é plenamente inteligente porque continua esquerdista, fez uma crítica arrasadora da ideologia liberal com base na análise do dualismo ético (e cognitivo, como se vê em Kant) que é a raiz da esquizofrenia contemporânea.

Mas esse dualismo não era nada de inerente ao capitalismo enquanto tal, e sim o resultado do conflito entre as exigências da nova economia e uma regra moral cristã criada para uma economia que já não existia mais. O único sujeito que entendeu e teorizou o que estava acontecendo foi um cidadão sem qualquer autoridade religiosa ou prestígio na Igreja: o economista austríaco Eugen Böhm-Bawerk. Este gênio mal reconhecido notou que, no quadro do capitalismo em crescimento, a remuneração dos empréstimos não era apenas uma conveniência prática amoral, mas uma exigência moral legítima. Ao emprestar, o banqueiro simplesmente trocava dinheiro efetivo, equivalente a uma quota calculável de bens na data do empréstimo, por um dinheiro futuro que, numa economia em mudança, podia valer mais ou valer menos na data da restituição. Do ponto de vista funcional, já não existia mais, portanto, diferença positiva entre o empréstimo e o investimento de risco. Daí que a remuneração fosse tão justa no primeiro caso como o era no segundo. Tanto mais justa na medida mesma em que o liberalismo político, banindo a velha penalidade da prisão por dívidas, deixava o banqueiro sem a máxima ferramenta de extorsão dos antigos usurários.

Um discípulo de Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, explicou mais detalhadamente essa diferença pela intervenção do fatortempo na relação econômica: o emprestador troca dinheiro atual por dinheiro potencial, e pode fazê-lo justamente porque, tendo concentrado capital, está capacitado a adiar o gasto desse dinheiro, que o prestamista por seu lado necessita gastar imediatamente para tocar em frente o seu negócio ou sua vida pessoal. Von Mises foi talvez o economista mais filosófico que já existiu, mas, ainda um pouco embromado por uns resíduos kantianos, nem por um instante pareceu se dar conta de que estava raciocinando em termos rigorosamente aristotélico-escolásticos: o direito à remuneração provém de que o banqueiro não troca simplesmente uma riqueza por outra, mas troca riqueza em ato por riqueza em potência, o que seria rematada loucura se o sistema bancário, no seu conjunto, não estivesse apostando no crescimento geral da economia e sim apenas no enriquecimento da classe dos banqueiros. A concentração do capital para financiar operações bancárias não é portanto um malefício que só pode produzir algo de bom se for submetido a "finalidades sociais" externas (e em nome delas policiado), mas é, em si e por si, finalidade socialmente útil e moralmente legítima. Sto. Tomás, se lesse esse argumento, não teria o que objetar e certamente veria nele um bom motivo para a reintegração plena e sem reservas do capitalismo moderno na moral católica. Mas Sto. Tomás já estava no céu e, no Vaticano terrestre, ninguém deu sinal de ter lido Böhm-Bawerk ou Von Mises até hoje. Daí a contradição grosseira das doutrinas sociais da Igreja, que, celebrando da boca para fora a livre iniciativa em matéria econômica, continuam a condenar o capitalismo liberal como um regime baseado no individualismo egoísta, e terminam por favorecer o socialismo, que agradece essa colaboração instituindo, tão logo chega ao poder, a perseguição e a matança sistemática de cristãos, isto é, aquilo que o Dr. Leonardo Boff, referido-se particularmente a Cuba, denominou "o Reino de Deus na Terra". Daí, também, que o capitalista financeiro (e mesmo, por contaminação, o industrial), se ainda tinha algo de cristão, continuasse a padecer de uma falsa consciência culpada da qual só podia encontrar alívio mediante a adesão à artificiosa ideologia protestante da "ascese mundana" (juntar dinheiro para ir para o céu), que ninguém pode levar a sério literalmente, ou mediante o expediente ainda mais postiço de fazer majestosas doações em dinheiro aos demagogos socialistas, que, embora sejam ateus ou no máximo deístas, sabem se utilizar eficazmente da moral católica como instrumento de chantagem psicológica, e ainda são ajudados nisto — porca miséria! — pela letra e pelo espírito de várias encíclicas papais.

Uma das causas que produziram o trágico erro católico na avaliação do capitalismo do século XIX foi o trauma da Revolução Francesa, que, roubando e vendendo a preço vil os bens da Igreja, enriqueceu do dia para a noite milhares de arrivistas infames e vorazes, que instauraram o império da amoralidade cínica, o capitalismo selvagem tão bem descrito na obra de Honoré de Balzac. Que isso tenha se passado logo na França, "filha dileta da Igreja", marcou profundamente a visão católica do capitalismo moderno como sinônimo de egoísmo anticristão. Mas seria o saque revolucionário o procedimento capitalista por excelência? Se o fosse, a França teria evoluído para o liberal-capitalismo e não para o regime de intervencionismo estatal paralisante que a deixou para sempre atrás da Inglaterra e dos Estados Unidos na corrida para a modernidade. Um governo autoritário que mete a pata sobre as propriedades de seus adversários para distribuí-las a seus apaniguados, é tudo, menos liberal-capitalista: é, já, o progressismo intervencionista, no qual, por suprema ironia, a Igreja busca ainda hoje enxergar um remédio contra os supostos males do liberal-capitalismo, que por seu lado, onde veio a existir — Inglaterra e Estados Unidos —, nunca fez mal algum a ela e somente a ajudou, inclusive na hora negra da perseguição e do martírio que ela sofreu nas mãos dos comunistas e de outros progressistas estatizantes, como os revolucionários do México que inauguraram nas Américas a temporada de caça aos padres. O caso francês, se algo prova, é que o "capitalismo selvagem" floresce à sombra do intervencionismo estatal, e não do regime liberal (coisa aliás arquiprovada, de novo, pelo cartorialismo brasileiro). Insistindo em dizer o contrário, movida pela aplicação extemporânea de um princípio tomista e vendo no estatismo francês o liberal-capitalismo que era o seu inverso, a Igreja fez como essas mocinhas de filmes de suspense, que, fugindo do bandido, pedem carona a um caminhão... dirigido pelo próprio. A incapacidade de discernir amigos e inimigos, o desespero que leva o pecador a buscar o auxílio espiritual de Satanás, são marcas inconfundíveis de burrice moral, intolerável na instituição que o próprio Cristo designou Mãe e Mestra da humanidade. Errare humanum est, perseverare diabolicum: a obstinação da Igreja em suas reservas contra o liberal-capitalismo e em sua conseqüente cumplicidade com o socialismo é talvez o caso mais prolongado de cegueira coletiva já notado ao longo de toda a História humana. E quando em pleno século XIX o papa já assediado de contestações dentro da Igreja mesma proclama sua própria infalibilidade em matéria de moral e doutrina, isto não deixa de ser talvez uma compensação psicológica inconsciente para a sua renitente falibilidade em matéria econômica e política. Daí até o "pacto de Metz", em que a Igreja se ajoelhou aos pés do comunismo sem nada lhe exigir em troca, foi apenas um passo. Ao confessar que, com o último Concílio, "a fumaça de Satanás entrara pelas janelas do Vaticano", o papa Paulo VI esqueceu de observar que isso só podia ter acontecido porque alguém, de dentro, deixara as janelas abertas.

Que uma falsa dúvida moral paralise e escandalize as consciências, introduzindo nelas a contradição aparentemente insolúvel entre a utilidade prática e o bem moral, e, no meio da desorientação resultante, acabe por levar enfim a própria Igreja a tornar-se cúmplice do mais assassino e anticristão dos regimes já inventados —eis aí uma prestidigitação tão inconfundivelmente diabólica, que é de espantar que ninguém, na Igreja, tenha percebido a urgência de resolver essa contradição no interior mesmo da sua equação lógica, como o fizeram Böhm-Bawerk e von Mises (cientistas alheios a toda preocupação religiosa). Mais espantoso ainda é que em vez disso todos os intelectuais católicos, papas inclusive, tenham se contentado com arranjos exteriores meramente verbais, que acabaram por deixar no ar uma sugestão satânica de que o socialismo, mesmo construído à custa do massacre de dezenas de milhões de cristãos, é no fundo mais cristão que o capitalismo.

Não há alma cristã que possa resistir a um paradoxo desse tamanho sem ter sua fé abalada. Ele foi e é a maior causa de apostasias, o maior escândalo e pedra de tropeço já colocado no caminho da salvação ao longo de toda a história da Igreja.

Arrancar da nossa alma essa sugestão hipnótica, restaurar a consciência de que o capitalismo, com todos os seus inconvenientes e fora de toda intervenção estatal pretensamente corretiva, é em si e por essência mais cristão que o mais lindinho dos socialismos, eis o dever número um dos intelectuais liberais que não queiram colaborar com o farsesco monopólio esquerdista da moralidade, trocando sua alma pelo prato de lentilhas da eficiência amoral.

Original aqui.