1.12.10

Saúde não é um direito

Trechos da palestra: "Saúde não é um direito" do Dr. Leonard Peikoff no Town Hall Meeting on the Clinton Health Plan. Red Lion Hotel, Costa Mesa CA. 11 de Dezembro de 1993


(...) Nossos únicos direitos, segundo o ponto de vista americano são: o direito à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade. Apenas esses. De acordo com os Pais Fundadores, nós não nascemos com o direito a uma viagem à Disneylândia, ou a uma refeição no Mcdonald´s, ou a hemodiálise. (...)

(...) Por que apenas esses? Note que todos os direitos legítimos têm uma coisa em comum: são direitos à ação, não a recompensas vindas de outras pessoas. Os direitos americanos não impõem obrigações a outras pessoas; são a mera obrigação negativa de te deixar em paz. O sistema garante que você tenha chance de trabalhar por aquilo que quiser, não a receber de outras pessoas sem esforço.

O direito à vida não significa, por exemplo, que seus vizinhos tenham que alimentá-lo e vesti-lo; significa apenas que você tem o direito de conseguir sua comida e vestimenta por si mesmo, se necessário por meio de trabalho árduo, e que ninguém pode forçá-lo a interromper sua luta por essas coisas, ou roubá-las de você quando as tiver conquistado. Em outras palavras: você tem o direito de agir e manter para si o resultados de suas ações, os produtos que produzir, para guardá-los ou trocá-los com outras pessoas, se desejar. Mas você não tem nenhum direito às ações e produtos de outras pessoas, exceto no termos em que concordarem voluntariamente.

(...) o direito à busca da felicidade é precisamente esse: o direito à busca - a um certo tipo de ação da sua parte e a seu resultado - e não a garantias de que outras pessoas o farão feliz, ou mesmo que tentem fazê-lo. De outra maneira, não haveria liberdade no país: se o seu mero desejo por algo, qualquer coisa, impuser uma obrigação a outras pessoas para satisfazê-lo, então eles não têm nenhuma escolha em suas vidas, nenhuma voz no que fazem, eles não têm liberdade, eles não podem buscar a felicidade deles. O seu "direito" à felicidade às custas deles significa que eles se tornaram servos despidos de seus direitos, ou seja, seus escravos. Seu direito a qualquer coisa às custas dos outros significa que eles perderam seus direitos.

(...) A regra atualmente é para políticos ignorarem e violarem os direitos de fato dos homens, enquanto discutem sobre uma lista de direitos nunca sonhados nos documentos de fundação desse país- direitos que não requerem merecimento, esforço, ação nenhuma da parte dos detentores desses direitos.

Você tem direito a algo, os políticos dizem, simplesmente porque você existe e deseja ou precisa - ponto final. Você tem direito a recebê-lo do governo. De onde o governo consegue esse algo? O que o governo tem de fazer aos cidadãos- ao direito individual deles, aos seus direitos reais- para cumprir a promessa de derramar serviços gratuitos sobre a população?
As respostas são óbvias. Os direitos novos destroem os direitos reais e tornam as pessoas que de fato produzem os bens e serviços em servos do estado. O russos tentaram esse mesmo sistema por décadas. Infelizmente, nós não aprendemos com sua lição. Entretanto o significado de socialismo (esse é o nome correto para o projeto de saúde de Clinton) é claramente evidente em qualquer  campo - você não precisa achar que saúde seja um caso especial; é tão óbvio como se o governo proclamasse um direito universal à comida, a uma viagem ou a um corte de cabelo. Quero dizer, um direito nesse novo sentido, não é que você tenha direito a conquistar essas coisas por seu próprio esforço ou trocas, mas sim que você tem um  direito a receber essas coisas sem custo nenhum, sem ação de sua parte, simplesmente como caridade de um governo benevolente.

(...) Cortes de cabelo são gratuitos, assim como o ar que respiramos, então algumas pessoas irão aparecer todos os dias para um novo e caro corte de cabelo, o governo pagará mais e mais, os barbeiros aproveitam seus novos e crescentes lucros, e a profissão começa a crescer vertiginosamente. Homens carecas começam a aparecer em bandos para implantes capilares gratuitos. Uma escola de beleza, especializada em sobrancelhas é criada - tudo gratuito, pago pelo governo. Os barbeiros desonestos estão tendo um momento maravilhoso, claro - assim como os honestos; eles estão trabalhando e gastando como loucos, tentando dar a cada consumidor o produto que seus corações desejam, que é o valor que um milionário pagaria para receber esses cuidados e serviços capilares. O governo começa a reclamar, o orçamento está fora de controle. De repente novas regras surgem: temos que limitar o número de barbeiros, temos que limitar o tempo gasto em cada corte de cabelo, temos que limitar o tipos de estilos de cortes de cabelo permitidos; (...) Um departamento com dados informatizados e cheio de inspetores é criado e a fita vermelha começa a crescer; alguns barbeiros, ao que parece, ainda estão ficando ricos demais, eles devem estar recebendo mais do que sua justa fatia do cabelo nacional. Então alguns barbeiros começam a se inscrever para receber Certificados de Necessidade para comprarem lâminas, enquanto se estabelecem bancas para avaliar o trabalho de cada barbeiro, tantos os desonestos como os honestos, para garantir que nenhum seja tão bom ou tão ruim , ou que uns tenham muitos clientes e outros poucos. No fim, há filas de consumidores para serem escalpelados pelos cabeleireiros desinteressados e tolhidos de seu talento, que lembram com  nostalgia dos velhos tempos em que, de alguma maneira, as coisas eram bem melhores.

ações e esforços. Mas ninguém tem direito a serviços de qualquer profissional, individualmente ou em grupo, simplesmente por que deseja ou precisa desesperadamente deles. O próprio fato de precisarem tão desesperadamente desses serviços é a prova de que devam respeitar a liberdade, a integridade e os direitos das pessoas que os proveem.

Você tem direito a trabalhar, não a roubar dos outros o fruto de seu trabalho, ou torná-los animais de sacrifício despidos de seus direitos que trabalham para satisfazer as suas necessidades.

Alguns de vocês podem perguntar: mas as pessoas podem arcar com os custos de saúde por si mesmas? Mesmo levando em conta os preços atuais inflacionados pelo governo, a resposta é: certamente que sim. De onde você acha que o dinheiro para custear a saúde está vindo nesse momento? Onde o governo consegue seus fabulosos e ilimitados recursos? O Governo não é uma organização produtiva; ele não tem fonte de riqueza a não ser através do confisco da riqueza dos cidadãos, através de impostos, financiamento de déficits ou coisa parecida. Mas, você poderia dizer, não são os "ricos" que estão de fato pagando pelos custos de saúde - os ricos e não a grande maioria das pessoas? Como tem sido provado, não há ricos suficientes em lugar nenhum para fazer frente aos custos do governo; é a vasta classe média dos EUA que é a principal fonte dessa quantidade de dinheiro necessária para custear programas de saúde pública. Um exemplo simples desse fato é que o novo programa da administração de Clinton conta apenas com os recursos, não dos Grandes Negócios, mas dos pequenos homens de negócio que estão lutando na economia atual simplesmente para se manter vivos e em atividade. Sob qualquer programa socializado, são os "homens comuns" que pagam pela maior parte. Sob o pretexto sem sentido de que o "povo" não pode pagar por isso ou aquilo, cria-se a necessidade de o governo entrar em cena.

Se as pessoas de um país verdadeiramente não pudessem pagar por certo serviço , como por exemplo na Somália,  nenhum governo nesse país poderia custeá-lo por essa mesma razão.

Algumas pessoas não podem pagar por um plano de saúde nos EUA. Mas eles são necessariamente um pequena minoria, mesmo em uma país livre ou semilivre. Se eles fossem maioria, o país estaria falido e não poderiam nem pensar em sistema de saúde pública. Essa pequena minoria, em um país livre, teria que contar apenas com caridade privada e voluntária. Sim, caridade, a bondade de médicos ou dos mais abastados - caridade, não o direito, isto é, não o direito deles à vida ou ao trabalho dos outros. E essa caridade, posso dizer, sempre esteve disponível quando necessária no passado dos EUA. Os defensores do Medicare e Medicaid não alegam que os pobres e os idosos nos anos 60 recebiam serviços ruins; eles alegam que era uma afronta que qualquer um dependesse de caridade.

Mas o fato é que não se pode abolir a caridade chamando-a de outra coisa. Se uma pessoa recebe cuidado de saúde a troco de nada , simplesmente porque está respirando, ela ainda está recebendo caridade, quer o presidente Clinton chame isso de direito ou não. Chamar de direito quando aquele que recebe não mereceu é meramente contribuir para o mal. Ainda é caridade, ainda que agora seja fruto de extorsão por táticas de força criminosas, enquanto se esconde atrás de um nome desonesto.

Como com qualquer bem ou serviço provido por um grupo de homens, se você tentar fazer da posse dele um direito, você então está escravizado os provedores do serviço, prejudicando-os e, finalmente, privando justamente os consumidores que você supostamente queria ajudar. Chamar saúde de um direito é meramente escravizar os médicos e assim destruir a qualidade do atendimento de saúde, como a medicina socializada fez ao redor do mundo onde quer que tenha sido tentada(...)"

A postagem é longa, mas vale a pena. Traduzi o termo "health care" como saúde para ficar mais claro. É uma bela reflexão sobre os verdadeiros direitos individuais e o aviltamento que se tem feito deles na atualidade.

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