15.3.11

Delinquência antissemita na Folha de São Paulo passa despercebida

Vejam esses trechos da entrevista que Ali Akbar Java Nfekr, chefe de imprensa do Governo do Irã, concedeu à Folha de São Paulo hoje:


"O sr. concorda com Ahmadinejad, para quem o Holocausto é um mito?

Se o Holocausto é uma realidade histórica, por que não se permite que seja estudado? Qualquer pessoa que questiona é logo condenada. Devemos ficar preocupados com a distorção da história.


Existe farta evidência do massacre de judeus...

Se existiu, podia ser objeto de várias pesquisas. Por que não permitir? "

(não poderia deixar de negar o Holocausto, claro)

"Não é contraditório o Irã apoiar movimentos árabes e não tolerar atos parecidos em sua casa?

Não devemos misturar as coisas. A oposição do Irã tem direitos definidos na lei. Mas nenhum país permite conspirações apoiadas por forças externas.


Esse era o discurso do Egito, é o da Líbia...

Por que vocês comparam as duas coisas?


Porque a oposição iraniana diz que é reprimida, sem direito de manifestação.
Não foi reprimida. Eles têm jornais, publicam matérias criticando...

A ONG Repórteres sem Fronteiras coloca o Irã como o quarto pior país do mundo para a imprensa, só à frente de Turcomenistão, Coreia do Norte e Eritreia.
Convidamos vocês jornalistas a visitar nosso país e ver de perto a situação. Jornalismo é um trabalho sagrado. Esses relatórios são tendenciosos e irreais. Sabemos quem os patrocina.

Quem?
Sionistas."


(não poderia também deixar de negar a repressão violenta à imprensa, sem, claro,  expor seu antissemitismo)

"É verdade, como diz o presidente Ahmadinejad, que não há gays no Irã?
Não temos.



É o único país do mundo que não tem gay?

Na República Islâmica do Irã, não há.


Se houver, há punições?
Nossa visão sobre esse tema é diferente da de vocês. É um ato feio, que nenhuma das religiões divinas aceita. Temos a responsabilidade humana, até divina, de não aceitar esse tipo de comportamento. Existe uma ameaça sobre a saúde da humanidade. A Aids, por exemplo. Uma das raízes é esse tipo de relacionamento.

A Aids é uma punição divina aos gays?
Não creio nisso. Mas vi que no Carnaval [do Brasil] foram distribuídos 90 milhões de preservativos, e isso é muito feio. Não é a favor da saúde da humanidade."


(Homofóbica são as igrejas).

"A esperança é que essas revoltas ajudem o povo dos territórios ocupados pelos sionistas. Os que apoiam Israel devem levar a população de Israel para outras regiões. Se o Holocausto foi causado por europeus, então os europeus têm que pagar o preço disso. O regime israelita é ilegal. É um tumor cancerígeno"


"A questão dos direitos humanos foi politizada. O regime sionista [Israel] na Palestina matou milhares de pessoas. Esses defensores dos direitos humanos, o que falaram? Ou os EUA, com a prisão de Abu Ghraib [no Iraque]?"

(O Estado de Israel é um tumor cancerígeno na visão desse gigante moral.)

E qual o título da entrevista? "Dilma está mal informada a respeito do caso Sakineh". Não vi nenhuma repercussão significativa na mídia sobre declarações com tamanho teor antissemita. A negação do holocausto e da existência de homossxualismo no Irã, assim como a pregação da destruição do Estado de Israel não são teoria da conspiração. São a política de Estado do governo iraniano, como se pode depreender das palavras do próprio chefe de imprensa, que nada mais são do que a repetição do que já foi dito publicamente pelo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. São coisas assim que me fazem ver claramente o quão abomináveis são essas pessoas e quem as apoiam.

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